O Acidente Vascular Cerebral (AVC) sempre esteve associado a pessoas com mais idade. No entanto, cada vez mais a ocorrência de AVC em jovens e crianças está aumentando.
Estudos recentes constataram que o AVC isquêmico em adultos jovens é estimado em 15% de todos os casos.
Um estudo com dados de alta hospitalar dos Estados Unidos descobriu que, entre 1995 a 2008, a prevalência de indivíduos com idade entre 15 e 34 anos com AVC isquêmico aumentou em 30%.
Além dos adultos jovens, as crianças também estão sendo vítimas de AVC. Apesar de, nesta faixa etária, as causas serem diferentes, as sequelas são igualmente graves, podendo até mesmo levar o paciente a óbito.
Uma estimativa baseada na população da Califórnia (EUA), combinando uma pesquisa de registros médicos com relatórios de imagem cerebral, determinou uma incidência de 2 por 100.000 a 4 por 100.000 em crianças de 1 mês a 18 anos de idade. Entre recém-nascidos, a incidência estimada varia de 1 em 4400 a 1 em 7700 nascidos vivos.
Também existem casos menos frequentes em que o AVC ocorreu no feto, dentro do útero. Embora a incidência ainda seja desconhecida, esta pode ser a causa de paralisia cerebral ou da espasticidade unilateral após o nascimento.
Ao contrário do que acontece nas pessoas com mais idade, em que as causas para o AVC estão relacionadas com problemas cardiovasculares, dislipidemias e diabetes mellitus, nos mais jovens são diversas doenças, muitas vezes raras, que juntas provocam o acidente vascular cerebral.
Patologias como o Lupus Eritematoso Sistêmico, trombofilias, infecções e até mesmo enxaqueca com aura já foram identificadas como possível causa para o AVC, nestes pacientes mais jovens.
Em um grande estudo europeu com 3331 jovens adultos com primeira isquemia, 17% tiveram doença cardioembólica, 13% tiveram dissecção da artéria cervical, 12% tinham oclusão de pequenos vasos, 9% tiveram aterosclerose das artérias grandes e 9% tiveram outras causas identificadas.
Há uma clara diferença entre os fatores de risco associados ao AVC em crianças e o padrão encontrado em pessoas com mais idade. Os fatores de risco observados em idosos (hipertensão, hiperlipidemia, tabagismo e diabetes mellitus) não foram encontrados nessa faixa etária.
Num estudo de 355 crianças que tiveram AVC isquêmico arterial após o período neonatal, 30% tinham cardiopatia congênita ou adquirida, 36% tinham doença vascular definida (arteriopatia), 10% tinham suspeita de arteriopatia, e 18% tinham febre aguda ou sepse sistêmica.
A diferença nos fatores de risco presumidos é ainda mais acentuada em recém-nascidos. A identificação desses fatores tem sido limitada, mas a gravidez, particularmente nos meses imediatamente antes do parto, é um estado relativamente hipercoagulável, contribuindo para a coagulação na placenta, que, por sua vez, pode servir como uma fonte de êmbolo para o feto/recém-nascido.
Apesar dos fatores de risco para a ocorrência de AVC em adultos jovens ainda serem diferentes, estamos notando um aumento dos casos em que este foi causado pelos mesmos fatores de risco para as pessoas com mais idade. E isto pode oferecer oportunidades para a prevenção.
No entanto, para as crianças, essas oportunidades ainda são limitadas, pois os perfis de risco e recorrência ainda não estão totalmente identificados. Este é um desafio que tem sido enfrentado, com a realização de estudos mais extensos.
Assista ao vídeo do Dr Daniel sobre AVC no Youtube
Data original de publicação do artigo: 27/03/2017
Artigo atualizado em: 20/06/2018